Segundo seus idealizadores e construtores, o Titanic fora construído para ser o maior navio do mundo e, além disso, indestrutível.
Chegou-se a afirmar categoricamente que "Nem Deus afunda o Titanic", como uma forma soberba de ressaltar a grandiosidade daquela obra.
O luxo e o conforto transmitiam uma sensação de segurança, causando uma despreocupação generalizada, inclusive em meio à tripulação, quanto ao bom andamento da viagem.
Uma desatenção generalizada, seja dos sentinelas, seja dos comandantes, levou a que não se percebesse o perigo que estava porvir.
A destruição do Titanic constituiu-se na soma de alguns fatores como: erros estruturais na construção do navio, que não se encontrava possibilitado a realizar determinadas manobras; deficiências de comunicação entre os sentinelas e os comandantes; excesso de autoconfiança por parte de todos; incapacidade em perceber os perigos e a fragilidade do navio; e, finalmente, a soberba em não estar aberto aos sinais...
Muito bem! Onde está, aí, a "Síndrome do Titanic"?
Está justamente na incapacidade de alguns governos em perceber quando determinadas ações populares são provenientes de oposições ou quando realmente profetizam crises e fragilidades que advém.
Um exemplo bem marcante foi a manifestação popular do dia 25 de janeiro, segunda feira. Manifestantes saíram da entrada da cidade, à altura do bairro Angelim e percorreram grande parte da Avenida Ataliba Vieira de Almeida e outras ruas em direção à praça do povo... ops... não é mais praça do povo... (vícios do costume) é praça Irineu Veras Galvão.
A interpretação de algumas pessoas (afetadas pela "Síndrome do Titanic") foi a de que o movimento não tinha sentido e que partia de pessoas que estavam preocupadas tão somente com a tomada do poder no município.
Não se trata de oposição, pois os organizadores do movimento não foram pessoas dos grupos políticos polarizados. Foram lideranças sociais populares que nunca tiveram mandato e não fazem parte do poder local. O que se pretendia, na verdade, conforme o princípio budista apregoa, é o Caminho do Meio, o equilíbrio, a verdade sem excessos.
Se alguns políticos adentraram à passeata, não havia como impedir ou evitar. Todos são livres para manifestar-se com responsabilidade.
A prova de que os organizadores do movimento não eram ligados a grupos políticos de oposição é o fato de que não fora franqueada a palavra a políticos (ou pessoas a eles ligados) que participaram da manifestação.
Mais um triste sinal de crise é o fato de que houve pessoas (e entidades) que participavam da organização do movimento e que, quase que de última hora, retiraram seu apoio, o que se constitui uma incapacidade de reconhecer e discernir o joio do trigo. Mas não cabe aqui julgar ou condenar alguém. Cabe estimular a reflexão e o debate sério e lúcido.
Ainda, o fato de alguns políticos de oposição terem agregado-se à massa não caracteriza sua liderança e simpatia frente a esta, e nem descaracteriza a legitimidade e plausibilidade da causa. Demonstra, ainda, o perigo que os grupos políticos dominantes passam a correr de a oposição conseguir viabilizar um canal indireto de ataques, o que não se constitui objetivo das lideranças sociais que organizaram o evento.
MENSAGEM FINAL
O movimento desta segunda 25 não foi contra o Poder Público Municipal e nem contra a senhora prefeita. Na verdade, tratou-se de uma expressão popular do anseio de muitos que não estavam ali presentes e que clamavam por uma voz que se levantasse contra aquela situação deplorável em que se encontra especialmente a avenida e a entrada da cidade.
Não se trata da atribuição de culpa ou de fragilizar a administração. Trata-se, sim, de contribuir para que nossos governantes, e seus próximos, percebam o que há de mais urgente e problemático no município e que precisa ter dedicada especial atenção.
Se o movimento não for visto dessa forma, então realmente podemos crer que estamos caminhando para um destino semelhante ao do Titanic.
Jânio R. Ayres Teles
Secretário Geral
SINDCHAP
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