Prof. janislene. "JANE" |
Num de seus sambas, Paulinho da Viola narra a trajetória de um malandro do morro, Chico Brito. Na canção ele é malandro sim, vive no crime e é preso a toda hora. Paulinho, porém, não atribui a condição a uma falha de caráter. Chico era, em princípio, tão bom como qualquer outra pessoa, mas o “sistema” não lhe deixara outra oportunidade de sobrevivência que não a marginalidade. O último verso diz tudo: “ a culpa é da sociedade que o transformou”. Já em outra canção, bem mais conhecida, Geraldo Vandré da um recado com sentido oposto: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Somos nós que fazemos a hora? O que afinal o “sistema” nos obriga a fazer em nossas vidas? Qual o tamanho da nossa liberdade?
Toscano, Moema. Vozes, 2002.
O que falar então da luta permanente dos profissionais do Magistério por reconhecimento respeito e melhores salários? Salário esse que nos obriga usar sempre do bom e velho “jeitinho brasileiro” para garantir nossa sobrevivência.
O Ministério da Educação investe milhares de reais em propagandas. Uma delas diz: “Seja professor!” A outra: “A base de toda conquista é um bom professor!”
Até concordo que o MEC tem feito várias ações visando a valorização do magistério e a melhoria das condições de trabalho dos profissionais que atuam nessa área. O descaso a maioria das vezes tem vindo da base da pirâmide política, algumas prefeituras tentam ficar com dinheiro extra do FUNDEB. ( veja detalhes acessando: http.//gd-ma.com/2011/05/17/prefeituras-do-interior-tentam-ficar-com-dinheiro-extra-do-fundeb).
Em várias cidades os profissionais da educação estão sendo marginalizados por aqueles que deveriam garantir que seus direitos fossem respeitados. E estão sendo obrigados a deixarem suas respectivas salas de aula para irem as ruas e aos sindicatos tentar garantir o que os então administradores de suas cidades foram eleitos para fazer e zelar pela valorização dos servidores Públicos municipais e o cumprimento do Plano de Cargos e carreiras.
Em Chapadinha infelizmente a realidade não é diferente de muitos municípios que ao redor do Brasil, travam lutas para garantir o respeito para os professores. Vimos o depoimento da professora Amanda Gurgel que silenciou os parlamentares em plena audiência pública no Rio grande do Norte e que repercutiu nacionalmente. Ela resumidamente relatou a dura realidade que os professores enfrentam diariamente.
A administração de nossa cidade promoveu no dia 29/05/2011 uma festa em praça pública uma grandiosa festa com participação da Banda de forró Calcinha Preta, uma vasta distribuição de prêmios valiosos e inclusive distribuição de calcinhas pretas. Uma festa Nota 10!
Em contra partida no dia 31/05/2011 houve uma passeata pacífica promovida pela categoria dos Servidores públicos Municipais de Chapadinha-Ma em comemoração a vitória da chapa 02 “IMPACTO” no dia 15 de maio deste ano. Na oportunidade os profissionais da educação reivindicaram o pagamento do abono salarial referente a sobras de recursos de 2010 do FUNDEB no valor de R$ 1.981.610,25 (quase dois milhões de reais). Dinheiro esse que segundo o SINDCHAP o MEC depositou na conta Prefeitura Municipal de Chapadinha dia 29/04/2011. 60% desse recurso financeiro é destinado, por lei, aos professores. Fonte: Banco do Brasil.
Praticamente quase todos os municípios circunvizinho de Chapadinha-Ma e de todo o Brasil já repassaram os 60% do saldo remanescente do FUNDEB/2010. Será que ficaremos de braços cruzados esperando a boa vontade de nossa prefeita ? JAMAIS !!!!
Como justificar o dinheiro a pouco mais de um mês na conta ? O que impede nossa então administradora de repassar esse recurso a quem ele de fato se destina, fazendo-se assim cumprir a lei?
O que devemos pensar de uma Administração que promove uma festa nota 10 e dois dias depois a categoria dos educadores saem às ruas para reivindicar o que já deveria ter sido repassado?
Não seria melhor senhores administradores, cumprir o que diz a lei para que os educadores pudessem enfim se sentirem motivados a continuar em sala de aula onde é o seu lugar de honra evitando greves?
Quanto o MEC economizaria em propagandas se os direitos desses profissionais fossem respeitados?
E o que seria de nós se não fosse a internet?
Enquanto alguns Jornalistas lutam pela liberdade de imprensa, em Chapadinha os jornalistas em sua grande maioria não dão voz nem vez aos educadores. E foi possível constatar isso durante nossa manifestação onde não houve cobertura da mídia local.
A imprensa local noticiou com pompa a festa antes e depois de sua realização mas não divulga a realidade de descaso e abandono em que se encontram não só a educação, mas também a saúde de Chapadinha que está doente.
Contamos com o Poder Judiciário na certeza que esta luta será vitoriosa.
Janislene de Andrade Nascimento
FOTOS DA PASSEATA em 31/05/2011
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